quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O Túnel Kiyotaki


   Um trio de brasileiros estavam fazendo turismo pelo Japão, comendo o verdadeiro sushi japonês, aprendendo melhor o idioma, conhecendo a cultura japonesa dentro do país de origem.
   Como Bruno já tinha morado lá, ele havia tirado a carteira de motorista japonesa, logo só alugaram um carro ao chegar em Tokyo e seguiram viagem estrada a fora. Os três amigos estavam super empolgados com os action figures que haviam comprado nas lojinhas de Hyakuen, entre o caminho de Tokyo até Kyoto. Como eles chegaram a noite na cidade, decidiram dormir em um hotel na cidade e na manhã seguinte conhecer alguns pontos turísticos. 
   Na manhã seguinte, após tomarem o café da manhã, visitaram o templo do pavilhão dourado, o Kinkakuji, logo depois foi a vez do famoso jardim de pedras do templo zen-budista Ryoanji, fizeram uma breve pausa para almoçar e continuaram passeando pela cidade. Anderson tinha um papel com pontos turísticos de Kyoto em mãos, lá tinha a imagem do Portão de Castelo Nijo, foram ver de perto e perceberam que era magnifico o lugar.
   Já cansados de andarem pela cidade foram tomar Saquê, em um estabelecimento semelhante a um bar, ficaram ali horas a fio conversando, quando notaram já havia escurecido e voltaram para o hotel. Bruno, Anderson e Ricardo pegaram quartos separados, mas se reuniam antes de dormir no quarto de Bruno para fazerem um pequeno cronograma do dia seguinte. Ricardo meio bêbado falou sobre o túnel Kiyotaki, que ele havia escutado no bar. Bruno ficou meio assustado com esse assunto e explicou para eles sobre a lenda que envolve o túnel, que na época da construção dele, haviam vários homens trabalhando nele e sendo tratados como escravos, por causa disso eles acabaram morrendo lá, outra coisa incomum é seu tamanho, com 444 metros e que o número 4 no Japão é pior que o 13 no Brasil. Bruno também comentou para seus dois amigos, que as pessoas acreditam que os fantasmas dos trabalhadores ainda vagam por lá durante a noite.
   Anderson e Ricardo riram por causa dessa história, como se fosse a lenda do Saci, Bruno por sua vez ficou quieto na dele, porque só de contar a história já ficou todo arrepiado. Ricardo alterado ainda do álcool, deu a ideia deles irem até o túnel Kiyotaki, Anderson concordou na hora com a ideia e depois de encherem tanto a paciência de Bruno, ele finalmente concordou.
   Já era meia noite quando chegaram na frente do túnel, Bruno como era o motorista parou uns 10 metros antes de entrarem lá e falou que já haviam chegado, os outros começaram a chamar ele de frouxo e cagão, pois ele não entrou com o carro dentro do túnel. Depois disso ele decidiu acelerar o carro e entrou 200 metros dentro do túnel, para ambos verem que é apenas um túnel como qualquer outro e parou.
   Anderson e Ricardo se entre-olharam e parabenizaram seu amigo pela coragem, logo após ambos saíram do carro deixando o motorista ali, só espiando. Um deles falou em um tom mais alto que o normal, que não havia nada de errado ali, que era apenas uma lenda como outra qualquer, inventada para assustar criancinhas na hora de dormir.
   Alguns segundos depois, um silêncio estabeleceu-se ali, a única coisa que podia ser ouvida era o barulho do motor do carro. Quando de repente escuta-se um berro de Anderson e mais nada. Ricardo apavorado corre até o carro para saber o que aconteceu, porém Bruno sabia tanto quanto ele, nada. Depois de alguns segundos Ricardo riu imaginando que Anderson fez aqui para assusta-los, porém mais de 15 minutos passaram-se e nem sinal dele.
   Sentado no banco do passageiro, Ricardo pediu ao Bruno para dar meia-volta e sair do túnel. Após dar meia-volta e andar um pouco em direção a saída do túnel, o carro desliga-se sozinho. Após várias tentativas de ligar o carro, Bruno pede para o Anderson fazer uma checagem rápida no motor. No escuro, já que dessa vez não tinha a iluminação dos faróis do carro, usou a lanterna do seu celular para iluminar, porém não havia nada de errado no motor do carro. Pena que Bruno não soube disso, pois quando Ricardo foi para o lado esquerdo do carro, alguma coisa puxou ele e pode-se apenas ouvir um grito, como aconteceu com Anderson.
   Bruno desesperado sem saber o que fazer, tentou ligar o carro mais algumas vezes e falhou em todas, dessa vez ele teria que descer do carro, nem pensou em checar o motor, com a lanterna do celular ligada, foi iluminando o caminho. Quando ele olha uns metros a frente um corpo no chão, Bruno aproximou-se do corpo aos poucos e percebeu que é o Anderson, ao verificar o pulso do amigo estremeceu. MEU DEUS!!! Ele está MORTOO! Bruno levantou-se em um pulo só e saiu correndo, deixando o corpo de seu amigo para trás. Ele corre poucos metros, mas logo parou, pois escutou a voz fraca de Ricardo pedindo ajuda, Bruno olha para todos os lados até encontra-lo, Ricardo está todo machucado.
   Com muita dificuldade conseguiu fazer com que Ricardo apoia-se nele e caminharam devagar em direção a saída. Em meio a escuridão, apenas com a luz da lanterna, Bruno repara que há um espelho na parede do túnel, nele refletia a imagem dele, de Ricardo e mais um homem com roupas sujas e velhas. Esse homem segura a cabeça de seu amigo todo machucado e quebra o pescoço dele, após isso deu um leve sorriso de satisfação e sumiu, mas infelizmente de alguma forma, a cena vista pelo espelho aconteceu de verdade e Ricardo também está morto.
   Bruno deitou-o no chão e correu em direção a saída que nem um louco, mas dava a impressão que a saída estava longe e não apenas há uns 100 metros como havia calculado. De repente ele sente uma corda envolvendo seu pescoço, nisso ele conseguiu ver o espelho novamente, desta vez ele não viu apenas um homem estranho no espelho, viu vários, quando isso ocorreu Bruno foi ficando sem oxigênio aos poucos, até que a sua existência acabou.
   Então, se um dia você for visitar Kyoto, não passe pelo Túnel Kiyotaki a noite em hipótese alguma ou irá se arrepender.

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Obs: Todos os fatos aqui retratados são fictícios, toda e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

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